Governo
sinaliza votar contra PL que institui piso nacional da categoria
BRASÍLIA – Os Agentes Comunitários de Saúde
(ACS) e Agentes Comunitários de Combate a Endemias (ACE) de todo o País podem
entrar em greve, de acordo com lideranças da categoria, dependendo do resultado
da votação do Projeto de Lei (PL) nº 7.495/06, que institui um piso salarial
nacional de R$ 950 para a categoria, prevista para acontecer nesta quarta-feira
(23).
Segundo informações
extraoficiais por parte do deputado federal André Moura (PSC-MA), líder de seu
partido na Câmara e que está intermediando as negociações entre a Confederação
Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde (Conacs) e o Legislativo,
praticamente todas as lideranças partidárias se comprometeram a votar
favoravelmente o PL, com exceção das bancadas do PT e PMDB.
Na terça-feira (22), o líder
do PSC, em conversa com o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN),
disse que o parlamentar havia se comprometido a colocar a votação na pauta
desta quarta-feira.
No entanto, na manhã do
dia 23, Moura voltou ao Auditório Nereu Ramos, no Anexo II da Câmara, onde centenas
de ACS e ACE e diversas lideranças sindicais de vários estados estão se
reunindo para discutir estratégias e se preparando para acompanhar a votação, e
informou que a pauta previa pelo menos três votações e que a matéria sobre o
piso salarial dos agentes Comunitários seria a última da fila.
A
categoria
A profissão de Agentes
Comunitários de Saúde é relativamente nova, sendo criada em 2002, através da
Lei nº 10.507 e,
em outubro de 2006, era promulgada a Lei nº 11.350, que tratava da
contratação, pelo SUS (Sistema Único de Saúde), dos Agentes Comunitários de
Saúde e dos Agentes Comunitários de Combate às Endemias em todo o território
nacional.
Até
então, os salários dos ACS e ACE eram negociados isoladamente, por municípios,
através de associações e sindicatos criados após a oficialização da categoria.
Não existe ainda um piso unificado no Brasil ou data-base para negociações
salariais entre as prefeituras do País e entidades representativas da
categoria.
Atualmente,
o salário dos ACS e ACE de São Paulo é de R$ 1,1 mil, garantido em Convenção
Coletiva de Trabalho após negociações entre o Sindicato dos Agentes Comunitários
de Saúde, Combate a Endemias, Proteção Social, Promoção Ambiental e
Acompanhantes Comunitários do Estado de São Paulo (Sindicomunitário) e
Sindicato das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Filantrópicos do Estado
de São Paulo (Sinshosfil).
A mobilização
em Brasília foi convocada pela Conacs, que representa as Associações de Agentes
Comunitários do Brasil, mas diversos sindicatos do País também compareceram na
capital federal. A Federação dos Agentes
Comunitários de Saúde, Combate a Endemias, Proteção Social, Promoção Ambiental
e Acompanhantes Comunitários do Brasil (Fenaac), fundada no início deste
ano e que agrega os sindicatos, não se fez presente para evitar conflitos entre
entidades representativas, mas seus sindicatos filiados marcaram presença,
entre eles o Sindicomunitário, presidido por José Roberto Prebill, que também
fundou e preside a Fenaac.
Outros
parlamentares se pronunciaram favoráveis ao PL 7.495/06 entre nos dias 22 e 23,
em pronunciamento direto no Auditório Nereu Ramos, entre eles João Ananaias
(PCdoB-CE), Chico Lopes (PCdoB-CE), Gorete Pereira (PR-CE) e até mesmo um
parlamentar do PT, Fernando Ferro, de Pernambuco.
Resistência
Se o PL
7.495/06 for aprovado hoje na Câmara, a matéria seguirá para o Senado, que
poderá se pronunciar contra ou a favor. Em caso favorável, o projeto segue para
sanção ou não da presidente Dilma Rousseff.
Segundo
informações de André Moura passadas aos Agentes Comunitários, Dilma condicionou
sancionar o PL se o valor do piso for reduzido para R$ 850 e que os Agentes
Comunitários de Combate a Endemias ficarem de fora da negociação.
A presidente da Conacs, Ruth Brilhante, afirmou
que não vai ceder e que irá manter a proposta. José Roberto Prebill também não
admite a redução do valor, apesar de seu Sindicato, o Sindicomunitário, ter
conquistado um piso superior para São Paulo. “Vimos aqui para somar forças com
a Conacs e pressionar o Legislativo e o Governo Federal a unificar o piso
salarial em todo o País em R$ 950. Há municípios onde o piso é um salário
mínimo e há casos onde esse valor é ainda menor”, disse Prebill.
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