segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fenaac apoia Conacs em mobilização dos ACS e ACE na Câmara dos Deputados

Diretores do Sindicomunitário e Agentes Comunitários marcham rumo à Câmara dos Deputados para acompanhar a sessão


A Fenaac aceitou o convite da Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde (Conacs) e enviou seu representante mais forte, o Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde, Combate a Endemias, Proteção Social, Promoção Ambiental e Acompanhantes Comunitários do Estado de São Paulo (Sindicomunitário) à Brasília para acompanhar a votação do PL nº 7.495/06, que estabelece o piso salarial nacional da categoria. Outros Sindicatos ligados à Federação, de outros estados, também estiveram na mobilização para pressionar os deputados federais.
Em clima tenso e muitos debates entre parlamentares na Câmara dos Deputados, a votação do PL 7.495/06 acabou não sendo votado no dia 23/10, conforme prometido pelo presidente da Casa, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), no dia 25/09, aos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
Em debate, que durou cerca de cinco horas, acompanhado por centenas de trabalhadores do setor, Sindicomunitário e diversas outras entidades, a matéria foi questionada pela base aliada do Governo, que argumentou que a União não teria condições de arcar com as despesas de um piso nacional de R$ 950 para os ACS, defendendo que os municípios e estados deveriam também participar nos encargos trabalhistas.
A Conacs, que liderou a mobilização e convocou a categoria e diversas entidades representativas, chegou a visitar várias lideranças partidárias, que se comprometeram a apoiar que a votação acontecesse na data marcada e também o mérito. Dois partidos, o PP e o PROS, que entre outros assinaram o Substitutivo ao Projeto de Lei nº 7.495/06, que prevê um piso salarial nacional para os ACS e ACE de R$ 950 para 2013 e de R$ 1.012 para 2014, formalizando seu apoio, traíram a categoria e na hora boicotaram a votação, forçando uma nova data (ver cópia do documento abaixo, com as assinaturas).
Sem apoio, Henrique Alves, que a princípio propôs a votação para o dia 12 de novembro, acabou aceitando a sugestão do deputado André Moura (PSC-CE), líder do partido na Câmara, que foi o interlocutor dos Agentes Comunitários junto ao Governo e procurou, incansavelmente, conseguir o maior apoio possível entre seus colegas parlamentares. Moura propôs uma nova data, 5 de novembro, que acabou sendo oficializada.
O que assistimos, do Auditório Nereu Ramos e nas galerias da Câmara Federal no dia 23/10, foi um show de traição e chacota por parte do Governo contra nossa categoria.
Recentemente, dirigentes da Conacs foram procurar o líder do PT, deputado José Guimarães, em seu estado, o Ceará, para saber se podiam contar com o apoio da bancada petista na votação de nosso piso nacional. Segundo consta no site da Confederação das Associações de ACS, o parlamentar “reiterou” seu apoio aos Agentes, fato que não se confirmou no dia da votação.

Chacota

Os argumentos usados pela base do governo, principalmente o PT e PMDB, revoltaram os Agentes Comunitários presentes na sessão.
Proibidos de entrar no plenário e praticamente confinados no Auditório Nereu Ramos (os agentes que estavam lá não podiam sair e os que estavam fora não podiam entrar), tivemos que assistir e apenas vaiar, de longe, um verdadeiro descaso e desrespeito por parte dos aliados de Dilma Rousseff. Só depois de muita insistência por parte de diversos deputados, que apelaram ao presidente Henrique Alves para que o acesso aos trabalhadores às galerias da Câmara fosse permitido, cerca de duzentos ACS puderam acompanhar presencialmente a sessão.
O líder do Governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), chegou a dizer que a votação do PL 7.495/06 não era tão importante, pois os ACS e ACE “representam apenas 0,000...5% do eleitorado”. As vaias e protestos foram ruidosos, tanto nas galerias como no auditório.
Nessa linha, o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha, do Rio de Janeiro, foi ainda mais longe e ironizou, após ser vaiado pelos Agentes que estavam nas galerias da Câmara: “Não tenho nenhum problema em ser vaiado, aqui não tem nenhum eleitor meu”, referindo-se à ausência dos Agentes Comunitários do Rio de Janeiro.

Apoio

Vários deputados literalmente “vestiram a camisa” dos ACS para tentar sensibilizar a base aliada do governo petista, em vão (Crédito: Luis Macedo/Ag.Câmara)


Aos poucos, diversos parlamentares foram ao Auditório Nereu Ramos manifestar seu apoio à nossa luta e pediram camisetas para usarem no plenário.
A oposição ao Governo do PT e Dilma não pouparam críticas ao descaso para com os ACS.
O líder do DEM, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que o Governo pode muito bem pagar os encargos. “O governo quer rejeitar essa proposta logo depois de dar anistia de R$ 23 bilhões às dívidas da cidade de São Paulo”, disse ao lembrar a aprovação, no dia anterior, de projeto que muda o indexador das dívidas de estados e municípios. Ele lembrou ainda que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, é do PT. Segundo ele, o impacto econômico, se o piso nacional fosse aprovado, seria de R$ 700 milhões.
André Moura (PSC-SE) destacou que há sete anos os agentes aguardam a aprovação de um piso salarial no Congresso. "Todo tipo de proposta a categoria atendeu. Chegamos a um ponto em que a categoria prefere votar para perder hoje em vez de aguardar. Mas sei que isso é o sentimento de quem está há sete anos sonhando com esta noite. Mais de 10 mil agentes vieram a Brasília com esse sonho", observou.
“Já votamos parcelamento de dívidas para todo tipo de agrupamento econômico. Como podemos hoje não achar a fonte para o salário dos agentes comunitários de saúde?”, questionou o líder do PSB, Beto Albuquerque (RS), ao defender que a votação deveria ser mantida naquele mesmo dia (23).
O deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE) destacou que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, garantiu a votação da matéria. “O ministro assumiu o compromisso de que nós votaríamos esta proposta hoje. Que governo é esse, que faz um acordo e depois vira as costas? Basta! Já são sete anos de espera”, condenou. O parlamentar também lembrou que o Governo gasta R$ 1,8 bilhão em propaganda. “Agora, para garantir recursos para um salário digno para os agentes comunitários de saúde, o governo diz que tem que olhar o Orçamento e tenta se justificar”, acrescentou.
O Regime de Urgência acabou sendo apoiado por um placar de 268 votos contra 4, que foram do PT, PMDB, PP e PROS. Porém, quando votação que iria definir se o PL 7.495/06 seria votado naquela mesma noite começaria, o plenário começou a se esvaziar, numa manobra da base governista, e o quórum não foi atingido, ficando então marcada a data de 5 de novembro para a votação da matéria. Henrique Alves se comprometeu, com os Agentes Comunitários, a não votar mais nada antes que o piso nacional fosse votado.

Traição

ACS da Bahia, filiada ao PT, chora e desabafa: “A maior bancada do PT está na Bahia e ontem nenhum deles nos apoiou”


No dia seguinte à votação, 24, houve uma reunião de avaliação entre a Conacs e os Agentes. Apesar da indignação de todos com a traição do PT e do Governo, a categoria concluiu que não foi uma derrota. “Conseguimos acuar o governo e garantir que a votação aconteça no dia 5”, ponderou a presidente da Conacs, Ruth Brilhante.
Na reunião, representantes de todos os estados presentes foram ouvidos. Antes, porém, uma ACS da Bahia pediu a palavra e deu seu depoimento, que acentuou a revolta entre os participantes. Agente há 13 anos, ela chorou e desabafou ao dizer que se sentiu traída pelo PT, coisa que nunca esperava. “Nasci dentro desse partido, fui candidata a vereadora, meu pai era do PT”, explicou aos prantos. “A maior bancada do PT está na Bahia e ontem nenhum deles nos apoiou”, lembrou. “O que o Arlindo Chinaglia disse, que não representamos 0,000...5% me partiu o coração”. Ela propôs que fosse aberta uma ação contra o deputado, por discriminação.
O representante do Ceará chegou a propor uma paralisação nacional, novamente. Tocantins disse que o seu estado tem oito deputados, “mas graças a Deus nenhum é do PT, mas tem dois do PMDB, que também nos traiu”. Do Maranhão, o representante dos ACS lembrou que o deputado Domingos Dutra foi o relator do PL 7.495, quando ainda estava no PT. Atualmente ele está no SDD. “Temos 18 deputados e apenas seis nos apoiaram”.



O presidente do Sindicomunitário, José Roberto Prebill, reitera o apoio do Sindicato e da Fenaac à Conacs



O presidente da FENAAC, José Roberto Prebill, que também preside o SINDICOMUNITÁRIO, afirmou que continuará apoiando a mobilização da Conacs e que enviará representantes à Brasília no dia 5, mas será uma comitiva menor, apenas para dar apoio e acompanhar a votação. “Nosso objetivo é somar e, sendo o Sindicato de ACS mais forte do País, representando cerca de 40 mil Agentes, podemos pressionar com mais força para a aprovação do PL 7.495”, afirmou.
Uma estratégia de paralisação parcial e pressão sobre as prefeituras foi decidida na reunião de avaliação, caso o PL 7.495 não seja aprovado integralmente pelos deputados no dia 5.

Entre os líderes dos partidos que assinaram cópia do Substitutivo ao PL 7.495/06 em apoio aos ACS, somente o PP e o PROS mentiram para a categoria

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